Os arranques não são mais os mesmos. A forma física, tampouco. Entretanto, a experiência deste trio poucos têm no futebol. É escorado neste rico atributo – algo que Axel, Tuta e Edilson, o Capetinha, têm de sobra – que o Clube Atlético Taboão da Serra sonha em trilhar o caminho do sucesso no futebol paulista em um curto prazo. O clube da Grande São Paulo disputa a Segunda Divisão do Estadual (equivalente à quarta) e tem como inspiração o Água Santa para alcançar a elite da competição em cinco anos.

Como prevê o regulamento da Segundona, os clubes podem utilizar por partida três atletas acima dos 23 anos e o restante abaixo desta faixa. Sendo assim, o Cats decidiu apostar na mescla entre experiência e juventude e trouxe para compor o elenco os atacantes Edilson, 45 anos, ex-Corinthians, Palmeiras e pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira; e Tuta, 41, ex-Fluminense, Vitória, Flamengo, entre outras equipes. Além deles, como treinador, o clube presidido por Anderson Nóbrega trouxe Axel, 46, ex-volante com passagens por São Paulo e Santos.

“É muito legal poder estar no futebol novamente. Espero que consigamos o objetivo final, que é subir neste ano”, aposta Edilson, visando a disputa da Série A-3 em 2017. “O Taboão está inovando nesta divisão, com projeto audacioso e creio que alcançaremos êxito. O objetivo é o acesso”, concorda Axel.

Para chegar a esta meta, o trio – que esteve em Diadema no domingo para o duelo de estreia pela Segundona contra o CAD, que terminou em 2 a 2 – sabe que seus ensinamentos são valiosos. Ao mesmo tempo, transmitir toda essa experiência aos mais novos é o maior desafio para eles. “Acho que (os jovens) têm de se concentrar mais. Pecam em não ouvir os mais velhos. Quando comecei minha carreira, vários caras que jogaram em times grandes estavam no fim dos ciclos. Aproveitei o máximo para absorver a experiência deles e, graças a Deus, pude chegar a vários clubes grandes”, reconhece Tuta.

Axel observa que qualidade os jovens do elenco têm. O que falta mesmo é experiência. “Isso só se adquire fazendo, repetindo, praticando. Eles vão cometer erros que, obviamente, os mais experientes não cometem. Então, com a experiência que tenho e jogadores como Tuta e Edilson em campo, vamos procurar trabalhar para diminuir esta margem de erro deles, que cometem não por falta de qualidade, mas, sim, por inexperiência”, completa o técnico.

Na visão de Tuta, dentro do futebol de São Paulo, mesmo diante da existência de muitos clubes, com planejamento é possível chegar longe. E o Netuno é exemplo. “Tem de ter organização e um planejamento para alcançar os objetivos igual o Água Santa fez. Infelizmente neste ano desceu, mas acho que este é o caminho. E estou vendo isso no Taboão. Estamos nos preparando para neste ano classificar e subir. O projeto do clube é chegar à Série A-1 em cinco anos”, garante.

Com mais de 20 clubes pelo Brasil no currículo, Edilson faz uma leitura sobre o momento da Seleção e do futebol nacional. “Está difícil. Os jogadores hoje não são mais os mesmos, todos têm assessoria de imprensa, ninguém pode falar individualmente, tem de ser em coletiva. Está muito diferente da minha época. Acho que estamos passando por dificuldade de talentos, principalmente na base. Já não temos mais a revelação de jogadores de alto nível como tínhamos antes e, por isso, os times profissionais e até a Seleção Brasileira têm sofrido dentro de campo”, finaliza.

Cats traz Careca e Marcelinho Carioca para projeto de técnico rotativo

Aos poucos, os jovens que compõem o elenco do Taboão da Serra se acostumarão em ter como companheiros jogadores como Tuta e Edilson, bem como o comando de Axel. Mas não são apenas estes rostos conhecidos que darão as caras no gramado do Estádio José Feres nesta temporada. O clube também conta com o projeto chamado técnico rotativo, em que convida outros ex-atletas de renome para dar treinos específicos em determinadas funções.

O primeiro a pintar no gramado sintético do Cats foi Marcelinho Carioca, ex-Corinthians e Santo André. Ele foi convidado pelo presidente Anderson Nóbrega para ensinar aos garotos as melhores maneiras de bater na bola, cobrar faltas e escanteios. Segundo a diretoria, os próximos a participar do projeto serão o ex-zagueiro Mauro Galvão, que teve passagens por Vasco e Seleção, e Careca, um dos maiores atacantes do futebol brasileiro, que defendeu São Paulo, Napoli (Itália) e Seleção.

“Esta história de treinador rotativo traz ainda mais experiência para diversas especificidades. Isso com um Marcelinho (Carioca) batendo na bola, daqui a pouco vem o Mauro Galvão e o Careca. São caras específicos para suas funções”, ressalta com boa expectativa o técnico Axel.

Após estreia, trio projeta dificuldades na competição

Durante a disputa da Segunda Divisão, muitas são as dificuldades no caminho dos clubes. O Taboão estreou com empate por 2 a 2 diante do Clube Atlético Diadema, no Inamar, domingo. Após o jogo, Tuta projetou o que deve vir pela frente. “Acredito que teremos jogos ainda mais difíceis. Até porque, pelo que me falaram, este (Inamar) é o melhor campo que tem. Esta será a maior dificuldade”, disse, aos risos.

Já Edilson acompanhou o empate das cabines do estádio de Diadema e estreia sábado, contra o Amparo. “Tenho um projeto de só jogar dentro de casa, estou aqui (no Inamar) como espectador, para ver o time como está”, disse o Capetinha.

Para Axel, a maior dificuldade da Segundona é ter regularidade. “É difícil manter equilíbrio pelas dificuldades que existem e por haver muitos jogadores jovens. Estamos buscando é ter um padrão de jogo e mantê-lo durante a competição.”