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Mulheres ricas são as que mais compram produtos piratas

Pesquisa aponta que 61% das classes A e B já consumiram itens falsificados neste ano

Yara Ferraz
Especial para o Diário
21/08/2013 | 07:00
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 As mulheres das classes A e B (com renda familiar acima de R$ 3.876) são as que mais consomem produtos piratas. Isso é o que aponta pesquisa do Instituto Data Popular.

O levantamento foi realizado com 1.501 pessoas, em 100 cidades do País. A pergunta realizada foi: “No último ano, você comprou algum produto de marca que não fosse original?”. Aproximadamente seis em cada dez pessoas responderam que sim.

Consumidores das classes A e B são as que mais compram pirataria. Ao todo, 61% dos mais abastados já aderiram ao hábito. As mulheres lideram, com 73%. Entre os homens, 50% se rendem às cópias dos produtos.

O percentual de adesão da classe alta é maior do que a média nacional; 56% dos brasileiros assumem que compram pirataria. Os mais abonados também deixaram para trás a classe média (com renda familiar de R$ 1.110 a R$ 3.875), que teve índice de 56%, e a classe baixa (até R$ 1.109), que ficou com 51%.

De acordo com o presidente do Instituto Data Popular, Renato Meirelles, uma das razões para a preferência da classe alta é manter o status conquistado, só que pagando menos. “As classes A e B buscam a todo custo comprar exclusividade. Com o valor de um original, consomem dois ou três produtos semelhantes e o status pretendido está resolvido.”

Meirelles também explicou que as classes mais baixas mantêm o hábito da compra de produtos originais. “A classe C, por exemplo, consome um bom produto, só que em várias prestações. E quem é da classe alta acha que as pessoas não desconfiam que elas estejam usando produtos piratas.”

O professor de Economia da Fundação Santo André Volney Gouveia afirma que os altos impostos são o principal motivo pela preferência por produtos não originais. “Os itens que são comercialmente livres, como o tênis, têm carga tributária pesada e são mais fáceis de ser pirateados.”

Gouveia também cita a ineficiência do sistema econômico, na forma de fabricação desses produtos, e os custos adicionais que impactam no preço final. “Além disso, o Brasil não é uma matriz produtora de eletrônicos, ou seja, esses itens já entram muito caros aqui para competir com os domésticos.”

SEXO MASCULINO - Apesar de as mulheres estarem entre as principais consumidoras da classe alta, na média nacional os homens são os que mais compram produtos que não são originais. Durante a pesquisa, 58% afirmaram que compraram ao menos um produto pirata no último ano. Considerando somente a classe baixa, 63% dos entrevistados do sexo masculino admitiram o consumo.

O analista de sistemas de Santo André Luiz Reysor disse que costuma comprar programas de computador piratas, chegando a economizar muito. “Um Photoshop original pode custar US$ 600 (R$ 1.434), sendo que em uma cópia eu pago R$ 10, e funciona do mesmo jeito. Considero que esse produto é apenas uma cópia do original.” Ele também consome gravatas por R$ 15, em vez de R$ 85 na loja da grife original, e tênis, de R$ 400 por R$ 70.

Reysor faz parte dos 61% dos brasileiros de 26 a 39 anos que admitem consumir pirataria. Quem mais compra, porém, é a faixa dos 18 aos 25 anos. Na outra ponta aparece a população acima de 60 anos, com a menor incidência (34%).

 

 




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