Quando decidi cursar jornalismo tinha em mente que horário fixo, salário alto e fins de semana livres seriam uma realidade (bem) distante. Mas essa rotina puxada tem seus regalos. No último domingo, fui incumbido de amansar uma fera. Sim, o Godzilla!

Quem é ligadão em carro já matou a charada. Estou falando do ícone GT-R (Gran Turismo Racing), modelo esportivo da Nissan que recebeu tal apelido por uma revista australiana no fim da década de 1980 – quando comparado ao monstro japonês. Mérito do biturbo 3.8 V6 (feito artesanalmente) de 552 cv e 64 mkgf a 3.200 rpm, despertado através de um botão no console central.

Já na pista do Autódromo Velo Città e com o pé no acelerador do bichão, hora de se divertir com os modos de condução que, de fato, mudam o comportamento em pista. De início, dirigi no modo tiozão, ou ‘Normal’, para ser mais preciso. Já o ‘Comfort’, como sugere a tradução para o português, ainda tem a incumbência de deixar a fera amansada e gera até boa dose de conforto.

Mas quem quer saber de conforto a bordo dessa máquina, não é mesmo? Sendo assim, um simples toque numa alavanca do painel – que, aliás, é recheado de botões e tem acabamento que imita fibra de carbono –, é acionado o modo ‘R’, onde tudo fica mais rígido, mais preciso, principalmente direção, suspensão e transmissão.

Mesmo com o pé embaixo, contorno as curvas com total precisão e sem “brigar com os pneus”, como brincava o instrutor sentado ao meu lado.

Tudo parece perfeito. O carro fica grudado no chão. O câmbio com dupla embreagem e seis marchas (com trocas também por meio de aletas atrás do volante) é totalmente preciso e obediente. Na reta, ultrapasso os 180 km/h. Medo? Nenhum, afinal, tecnologia não falta para recolocar o carro nos trilhos caso algo saia errado.

De acordo com a Nissan, esse japa chega aos 315 km/h – até os 100 km/h são necessários pouco mais de 3 segundos. Não é para menos que o Godzilla abocanhou o título de carro em produção mais rápido do mundo, ao bater a concorrência numa disputa em pista, em 2009.

VISUAL
Já de cara o GT-R – que nasceu em 1967 ainda na forma do sedã Skyline – diz a que veio. Sem perder a imponência, foi levemente modificado na linha 2015. As lanternas traseiras em formato circular (iluminadas por LEDs) dão um show à parte. Nas laterais, as rodonas de aro 20 (dez raios) cobertas por pneus Dunlop pressurizados com nitrogênio – 255/40Z RF20 na frente e 285/35Z RF20 atrás.

Pena que esta nave (ops, carro) é tão distante do consumidor brasileiro. Importação oficial, nem pensar. Com tantos impostos e custos, os US$ 100 mil cobrados pelo modelo nos Estados Unidos seriam multiplicados por cinco no País... O que consola é ter tirado uma casquinha do esportivaço por alguns minutos.