Setecidades Titulo 38,7% em três anos
Número de professores mediadores tem alta de 38,7% em três anos

Em 2010, rede estadual contava com 87 docentes; hoje, são 142 educadores na função

Por Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
11/08/2013 | 07:00
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Tiago Silva/DGABC


O número de professores com tarefa de mediar conflito no ambiente escolar aumentou 38,7% nos últimos três anos no Grande ABC. Enquanto que em 2010, ano de lançamento do programa, a região tinha 87 docentes com essa função, hoje são 142 profissionais que servem de referência para a comunidade na tentativa de fortalecer o aprendizado dos alunos.

A iniciativa faz parte do Sistema de Proteção Escolar da Secretaria Estadual da Educação, implementado em 2009, cujo objetivo é garantir a segurança na rede e melhorar o desenvolvimento intelectual e social dos alunos. Conforme explica o coordenador do sistema, Felippe Angeli, a ideia é universalizar a presença dos professores mediadores em longo prazo. Atualmente, nem metade das escolas estaduais da região conta com o profissional. Entre as sete cidades, há total de 331 unidades.

Segundo levantamento feito pela Secretaria Estadual da Educação no fim de 2012, 90% das escolas que aderiram ao programa informaram a necessidade do mediador de conflitos. A partir da manifestação do interesse da unidade de ensino, a seleção é feita a partir do mapeamento das regiões mais vulneráveis. “O projeto parte de perspectiva de que o educador atue nas relações de convivência pessoal frente à diversidade social”, explica Angeli.

O estudo aponta que 86% dos gestores escolares ouvidos informaram que houve melhora nas relações de convivência entre os alunos e 76% deles destacaram avanço no processo de ensino-aprendizagem.

O bullying é um dos temas que mais demandam a participação do professor mediador na comunidade escolar – 98,2% dos servidores ouvidos relataram que os mediadores realizam programas sobre esse assunto. Os outros temas que mais solicitam atuação do profissional são indisciplina, uso de álcool e drogas, brigas e vandalismo.

PALIATIVO

Apesar de considerar válido o trabalho dos professores mediadores, o dirigente da subsede Santo André da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Alexandre Derraz, considera a presença dos profissionais um paliativo. “O Estado deixa de olhar para as questões estruturais e coloca um profissional que não é capaz de solucionar toda essa problemática”, diz. Segundo ele, o ambiente escolar estimula o conflito, com câmeras e grades, e as questões sociais interferem na rotina escolar.

Profissional vira referência na escola

Uma pessoa interessada nos problemas do próximo e em despertar a cidadania. É assim que a professora mediadora da EE Professor Engenheiro Celso Augusto Daniel, no Jardim Santo André, em Santo André, Aparecida da Mota, 46 anos, define sua profissão.

Integrante do projeto desde sua criação, em 2010, a professora licenciada em psicologia desde 1995 destaca a importância de seu trabalho com cerca de 600 estudantes do segundo ciclo do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) até o Ensino Médio, jovens com idade entre 11 e 18 anos. “Trata-se de uma população com alto grau de vulnerabilidade, sem opção de lazer e com forte influência do tráfico de drogas.”

O dia a dia de trabalho da carga de 40 horas semanais envolve desde rodas de conversas sobre temas como bullying, conflitos, drogas, entre outros, até conversas individuais e ligações para saber o motivo das faltas. “Nosso principal objetivo é o fortalecimento da aprendizagem. Mostrar para eles que a escola é o único caminho”, destaca.

Por se tratar de comunidade carente, o trabalho do professor mediador torna-se mais complicado, na visão da docente. “As famílias têm certa resistência em vir para a escola, lidamos com problemas como alcoolismo e violência familiar”, afirma.

A manutenção do aluno na escola é outro objetivo dos educadores. Conforme Aparecida, há esforço para evitar a evasão escolar. Segundo ela, esse é, inclusive um dos motivos para que o Idesp (Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo) das escolas de periferia seja mais baixo. “Não excluímos alunos que tumultuam ou que frequentam as aulas uma vez por semana. Pelo contrário, tentamos incentivá-los de alguma forma a mudar.”

Apesar das dificuldades, Aparecida acredita que houve avanços nesses três anos. “Os alunos trazem situações para discutir comigo. O professor mediador virou referência dentro da escola.” 




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