Em 1982, há 35 anos, Gitai fez um filme chamado Field Diary. Armado com uma câmera, foi à Cisjordânia para documentar os territórios ocupados. A definição é controversa - com base na Bíblia, os fundamentalistas dizem que não podem estar ocupando o que, historicamente, é do povo judeu. Gitai parte de uma entrevista que fez com Yitzhak Rabin, que iniciou conversações de paz com o líder palestino Yasser Arafat. Volta à Cisjordânia, onde os colonos seguem segregando palestinos. Existe até um muro, agora. O diretor entrevista jornalistas, organizações não governamentais, ministros, defensores de direitos humanos, etc. Mostra, de ambos os lados, o resultado dessa cultura do ódio. Mães judias e palestinas que perderam os filhos na luta conseguem se irmanar na dor. Mas é chocante ver o menino palestino, um projeto de gente. O que ele quer ser? Mártir.
Também na Quinzena, Abel Ferrara está exibindo outro documentário - Alive in France. Ferrara costuma ser, em geral, sinônimo de encrenca. Quando não é a violência, é o sexo. Bemvindo a Nova York, sobre o affair Dominique Strauss-Kahn, e Pasolini, sobre o assassinato do autor italiano, são expressivos do gosto dele pela polêmica. Comparativamente, Alive in France é uma surpresa. Um filme light que ilumina outra faceta de Ferrara, o músico. Com colaboradores como o compositor Joe Delia, o ator e cantor John Hipp e a mulher do diretor, Cristina Chiriac, ele organiza concertos baseados nas trilhas de seus filmes. A Mostra bem poderia levar Ferrara a São Paulo para uma apresentação.
Na Semana da Crítica, tem havido uma expressiva participação da América Latina. Além de Gabriel e a Montanha, do brasileiro Fellipe Bragança Barboza, o chileno Los Perros, de Marcela Said.
Interpretado por Antonia Zegers e pelo ator fetiche de Pablo Larraín, Alfredo Castro, o filme conta a história de uma mulher da elite do Chile que se envolve com seu instrutor de equitação. Militar, ele teve tenebrosa participação durante a repressão da ditadura de Augusto Pinochet, esse fantasma que ainda assombra os chilenos. Como Gabriel e a Montanha, o filme de Marcela é uma coprodução com a França. E é muito bom. Gramado já devia correr para selecioná-lo para sua mostra latina.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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