A indústria do Grande ABC fechou 280 vagas de emprego durante o último mês. O número representa aproximadamente nove demissões por dia em outubro. Os dados foram compilados pelo Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e divulgados ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Para especialistas, o período eleitoral contribuiu para a queda no emprego.

Apesar de a região registrar aproximadamente 1.250 desligamentos nos últimos 12 meses, o saldo deste ano ainda se mantém no positivo com 500 contratações. Esta é a primeira vez que o índice dos dez meses iniciais do ano fica positivo em anos. Para se ter noção, em 2015, o período chegou a 27.850 demissões, a maior da série histórica.

De acordo com o coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, Ricardo Balistiero, outubro foi marcado pela indefinição em relação às pesquisas eleitorais. “Entre o primeiro e segundo turno, houve uma variação grande sobre os candidatos que ficavam à frente no pleito. Além do mais, as duas opções que se configuraram no segundo turno (Fernando Haddad, do PT, e Jair Bolsonaro, do PSL, que acabou eleito) eram opostas, o que fortalecia ainda mais o cenário de incertezas. Muitos empresários acabaram pisando no freio para investimentos nesse período”, afirmou o professor.

Além disso, ele afirmou que a indústria ainda vem de um processo de recuperação lento após a crise dos últimos anos. “Perdemos muito na capacidade de exportação e participação do PIB (Produto Interno Bruto) e consequentemente o emprego oscila muito. Antes que a economia volte a apresentar sinais melhores, vamos continuar verificando esta variação”, explicou.

POR CIDADE
No acumulado, a unidade do Ciesp Santo André – que também compreende as cidades de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra – é responsável pelo maior número de desligamentos no mês, com 550. Já no ano, São Caetano tem saldo negativo de 600 postos de trabalho (veja mais na arte ao lado).

Diadema registrou 20 demissões no último mês, mas ainda mantém saldo anual de 750 contratações. “É um movimento natural da época do ano, já que o pessoal costuma trabalhar mais para atender aos pedidos entre novembro e dezembro. Quando baixam as compras, estes números de emprego caem, então também entra a questão da sazonalidade, além das eleições”, pontuou o diretor do Ciesp Diadema, Anuar Dequech.

Mesmo assim, ele demonstra confiança para o ano que vem. “Acreditamos que a partir do início de 2019, com uma maior movimentação da economia, vamos ter acréscimo nestes números”, afirmou.

A única cidade com dígitos mensais positivos foi São Bernardo, que registrou contratação de 300 trabalhadores.

Em relação aos setores, os produtos diversos tiveram redução de 14,13% em Santo André, seguidos pelas máquinas aparelhos e materiais elétricos (-6,02%) e os produtos de borracha e material plástico (-1,48%). Em São Caetano, a maior queda foi em veículos automotores (-0,66%).

Em Diadema, houve acréscimo em produtos minerais e não metálicos (4,76%), e em São Bernardo, os produtos diversos tiveram alta de 10%, seguidos por confecção de artigos de vestuários e acessórios (7,27%).