Política Titulo Irritação
Durante evento, Paulo
Skaf constrange PMDB

Candidato a governador de S.Paulo evita Dilma
e sai antes mesmo de discurso de Michel Temer

Por Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
31/08/2014 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


O candidato a governador de São Paulo pelo PMDB, Paulo Skaf, abandonou ontem o palanque do evento estadual do partido realizado em Jales, no interior do Estado, na tentativa de evitar atrelar sua imagem com a da presidente da República, Dilma Rousseff (PT), postulante à reeleição. O peemedebista deixou correligionários constrangidos ao sair da atividade política antes mesmo do discurso do vice na chapa petista, Michel Temer (PMDB), mandatário nacional licenciado da legenda e organizador do ato.

Em cima do palco, Skaf discursou por pouco mais de cinco minutos no microfone, sem mencionar sequer uma vez palavras de apoio à dobrada presidencial. Somente deu simples bom dia de longe para a presidente no início. Usou o tempo apenas para divulgar sua candidatura, exaltando o período em que comandou a Fiesp e criticar a gestão Geraldo Alckmin (PSDB). A saída repentina do encontro considerado de arrancada da campanha majoritária logo após sua fala desagradou visivelmente às principais lideranças da sigla.

O peemedebista fez questão de se apressar para entrar no local quando percebeu, à distância, a chegada da presidente. Skaf sentou bem distante da petista no palco. Ao ser chamado para utilizar o microfone, ele ficou apenas de um lado do palco para esquivar das imagens próximas de Dilma e do banner de fundo do evento, que continha as fotos dos integrantes da dobrada presidencial em destaque no fundo. O peemedebista subiu no palco, mas escancarou que não daria palanque.

A postura de Skaf foi considerada de “extrema deselegância e grosseria” pela alta cúpula peemedebista, que preferiu não repercutir a situação no calor do momento. O evento começou por volta das 11h. Ele se esquivou em todas as ocasiões de cruzar com a chefe da Nação. Isso porque na avaliação do cabeça da chapa estadual do PMDB essa aliança no âmbito nacional pode ser prejudicial para sua campanha por conta da rejeição imputada ao PT em São Paulo, seu adversário na sucessão de Alckmin.

Devido ao posicionamento arredio, Skaf corre risco de sofrer punição. Segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto, o peemedebista pode enfrentar esvaziamento interno. A sanção velada se daria por meio da retirada de apoios.

Petista sobe o tom contra Marina

Em visita a Jales como candidata, a presidente Dilma Rousseff atacou a postulante Marina Silva (PSB) ao afirmar que a socialista, sem mencionar o nome da concorrente no pleito, tem propostas “obscurantistas e atrasadas”. “Não sei a que interesse serve. Sabemos é que vai afetar a vida de todos nós”, disparou a petista, que foi ministra ao lado da ex-senadora no governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mostrando notória elevação no tom das críticas diante do crescimento da ‘nova adversária’.

O discurso de Dilma permeou sobre o temor em caso de vitória de Marina. A petista alegou que a “visão de tecnocracia” colocada pela ex-senadora relembra o período de ditadura militar ao tratar que apenas “poucos e bons governam”. “Numa democracia, quem não governa com partidos está flertando com o autoritarismo”. A socialista tem dito que pretende administrar a Presidência com pessoas de todas as legendas e é idealizada da Rede Sustentabilidade, partido que foi barrado pela Justiça Eleitoral.

Dilma falou durante 25 minutos de forma inflamada. Segundo ela, o programa de governo de Marina indica retrocessos no País, como a “redução da importância da Petrobras”. “Com a ajuda do Congresso, nós aprovamos projeto que estabelece percentual de 75% dos royalties do pré-sal para a Educação e 25% para a Saúde. Temos caminho trilhado”, destacou, observando que a concorrente (que conforme o Datafolha venceria em eventual segundo turno) tem a intenção de diminuir o papel da estatal. “Em 35 anos será R$ 1,3 trilhão para a Educação.”

A petista criticou ainda o que denominou de restrição de instituições públicas, como a Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e BNDES. “Eles (candidatura de Marina) querem acabar com a política de subsídios”, disse. Com a mudança, para Dilma, haverá quebra nos financiamentos de longo prazo que beneficiam setores públicos e privados .

Embora a maioria das campanhas eleitorais suscite período de fortes acusações políticas e pessoais, a presidente considerou que essa eleição é diferente dos outros páreos por avaliar que há indícios deliberados de fomentar a desinformação e falsidades. “Tem gente dizendo que é uma coisa e é outra. Por isso mostrar a verdade é a nossa obrigação”, bradou.

Cacique peemedebista vê empate com ‘naturalidade’

Líder do encontro estadual, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), enxergou com “naturalidade” o empate numérico entre a atual presidente e a ex-senadora Marina Silva (PSB) apontado pela pesquisa Datafolha de sexta-feira.

Apesar da fala de tranquilidade, o líder peemedebista demonstrou abalo com o cenário que mostra a petista e a socialista com 34% das intenções de voto.

Temer martelou série de vezes no discurso que não está claro o que é “nova política” proposta por Marina. Segundo o vice-presidente, governar com pessoas e não com as instituições acende sinal de alerta no País. “Me dá preocupação. Até porque as pessoas são transitórias, o que vale são as instituições. Temos de dar credibilidade às instituições: partidos (políticos), Legislativo, Judiciário”, criticou, ao completar que “não entendeu bem” a ideia de governar com pessoas. “Ela tem de esclarecer um pouco melhor isso.”

O líder do PMDB tentou deixar palavras de otimismo à militância do PMDB. “Aqui está toda a composição peemedebista e nossos aliados. Tenho orgulho de estar ao lado da Dilma, uma estadista”, sublinhou. Mesmo com calor de 38 graus, o evento reuniu aproximadamente 3.000 pessoas, entre ministros, deputados, prefeitos, vice e vereadores.




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