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Sexta-Feira, 26 de Abril de 2024

A suspensão da descrença
Do Diário do Grande ABC
10/08/2018 | 12:19
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Artigo

É cada vez mais comum ouvir as pessoas negando a política. Qualquer um só é admitido nos círculos de conversa para falar mal. Por outro lado, qualquer um que se disponha a participar da política é imediatamente taxado de oportunista e candidato à locupletação. É círculo fechado cuja senha de entrada é: ‘A política não presta’.

O argumento tem muitas razões para existir. A maioria dos políticos não presta. No entanto, os políticos não são a política. A política é a forma de representação constituída para viabilizar a convivência da vida coletiva. Como poderiam as pessoas viver em espaço público sem que alguém organizasse as atividades conjuntas?

Thomas Hobbes fez uma sugestão: entregamos toda a liberdade e deixamos um só governante tomar essas decisões. Sim, parece ser uma saída. A outra é a política.

Vivemos em coletividade, mas, é claro, não pensamos igualmente. Por isso, é preciso construir maiorias para impor ou consensos para ceder. E ainda é preciso escolher quem elabore as regras do funcionamento dessas coisas todas. E quem execute todas essas coisas. E, quando o consenso demora, é preciso que exista quem decida o que fazer para que a paralisia não prejudique a todos. É preciso fiscalizar os escolhidos. E substituí-los periodicamente. Um trabalho dos diabos!

E quem deve fazer tudo isso? Nós. Ou a opção de Hobbes, que para muitos é tentadora. O duro é que ninguém garante que o tal governante vai fazer o melhor. Ou fazer algo. Por isso, a política não deveria ser pensada como saída, mas como entrada. Para viver coletivamente é preciso arregaçar as mangas, pôr as mãos à obra.

A política tem uma exigência: conhecer as regras do jogo. Não haverá jogo sem conhecer as regras. Conhecê-las é ato de vontade que pressupõe um querer jogar. Se nego a política, não jogo. Se não jogo, não sei quem ganha ou como ganha. Porém, na política o prêmio é poder jogar com a sua vida, com as suas propriedades, com o seu trabalho, com a sua saúde, com a sua educação, com a sua segurança. E como vou reclamar? Negando as regras e representantes que não quis conhecer?

A política pressupõe suspensão da descrença. Se continuarmos negando, aqueles que se locupletam continuarão a compor as maiorias e elaborar os arranjos. Se acreditarmos na política, podemos reescrever esses arranjos e retomar a trajetória de sociedade capaz de pensar em sua sobrevivência e seu bem-estar, jogando o jogo das diferenças com regras claras e chances reais para todos. Duro de acreditar? Não vai embarcar nessa? Bom, a saída está logo ali, em lugar nenhum.

Daniel Medeiros é doutor em Educação, Histórica e professor no Curso Positivo, de Curitiba, no Paraná.

Palavra do leitor

O perigo do ‘Centrão’
Na hora de tentar se eleger ou reeleger para algum cargo político de comando federal, estadual ou municipal, quem não tiver uma conduta moral e devidamente correta no cumprimento das suas obrigações públicas e até particulares, aceita em campanha eleitoral qualquer apoio, honesto ou até desonesto. O Centrão é conhecido por ser composto pela sua maioria de políticos de má conduta, condenados pela Justiça, respondendo processo e acusados por crimes ainda a serem apurados. São perniciosos à sociedade. Os brasileiros sabem que isto é verdade, portanto faço uma pergunta: qual o seu procedimento ao ver o seu candidato incluir tais apoiadores na sua campanha? Sendo eleito, o que você poderá esperar dele?
Benone Augusto de Paiva
Capital

Rádio
Que felicidade ao saber que a mais nova rádio comunitária da região é de Santo André e que ia transmitir o jogo do Ramalhão. Tenho certa idade e meu filho não poderia me levar no estádio domingo, pois iria aplicar a prova do Encejja. Mas pude ouvir a vitória do Ramalhão contra o Água Santa e saber do time jovem do Santo André, que tem talento já assediado por estrangeiros. Agora só acompanharei essa rádio, pois sendo comunitária é nossa, como o EC Santo André.
João Trassato
Santo André

Não subestimem Lula
É impressionante a capacidade de articulação de Lula. Mesmo estando preso, sequestrou e neutralizou uma gama de pretensos líderes políticos, tais como Ciro Gomes, Manuela D’Ávila, Jacques Wagner e outros caciques políticos, espalhados pelo Brasil afora, impedindo suas próprias candidaturas e inviabilizando outras, via apoio a políticos e legendas que até a semana passada eram taxados de golpistas e acusados pela apeada do poder do seu partido. Fico com receio que se o STF julgar seu pedido de soltura, contando com a sua base de sustentação na Corte ( Lewandowski, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello) não consiga subverter o que a lei determina.
Claudio Juchem
Capital
Migração
Enquanto preparo o café da manhã ouço as principais notícias no rádio. Chego à conclusão que melhor ouvir besteiras do que ser surda. A respeito da migração de venezuelanos para o Brasil, o ministro extraordinario da Segurança Pública disse que os brasileiros também emigraram durante a ditadura. Como assim, ministro? Naquela época tínhamos emprego e não faltava comida. Podíamos sair de casa sem medo para trabalhar e estudar. Os que saíram do País eram aqueles a favor da esquerda radical: artistas, políticos, estudantes universitários. Não havia saída em massa como ocorre na Venezuela – democrática demais, como afirmam alguns –, através de Roraima, cuja estrutura não consegue atender nem bem os brasileiros, quanto mais os pobres e/ou perseguidos venezuelanos, muitos tristemente tangidos como gado, para outros estados, pois os mais bem preparados usam o Brasil como escala para países mais desenvolvidos, onde encontram trabalho e podem viver com dignidade.
Aparecida Dileide Gaziolla
São Caetano

Passarela
Após 30 anos de passarela e reclamações, nada muda em Mauá. O munícipe sempre tratado como lixo ou pior. Não temos Segurança, manutenção do bem ou da coisa pública. Mauá logo fará 64 anos e sempre com problemas de finanças, de Saúde, trânsito, que ninguém respeita nada. Até quando?
José Eduardo Zago
Mauá

Conta de luz
A tarifa de energia elétrica vai subir! Desde que a gerentona Dilma meteu o bedelho no que não entendia, esculhambou com um sistema que funcionava. Correndo atrás do prejuízo, o governo decidiu pela privatização das concessionárias deficitárias para reduzir o rombo do consumidor – todos nós – , mas aí surge a impoluta figura do ministro Lewandowski para decidir. Monocraticamente, o que não poderia ser. Então, sobrou para todos nós novamente. Se você tiver problema para pagar a sua conta, sugiro enviá-la para o prédio do STF, aos cuidados do ministro.
Marco Antonio Esteves Balbi
Rio de Janeiro (RJ)
 




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