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Cotidiano
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Breve reflexão sobre a nova ordem nacional
Rodolfo de Souza
02/08/2018 | 07:00
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Tem gente pagando caro para fazer o parto em Miami, e assim garantir a cidadania americana do bebê. Foi o que li agora num site de notícias. 

 É... Parece que virou mesmo necessidade premente do brasileiro, sobretudo do jovem, a busca de outro lugar para viver, uma vez que as oportunidades lhe escorregam das mãos e fica cada vez mais difícil sonhar debaixo desta imensa lona. Lembra até um dos piores flagelos destes tempos modernos, esta corrida rumo ao desconhecido. E a população, de uma forma geral, ainda vê a questão dos refugiados como assunto distante, que não nos diz respeito, embora esteja acontecendo algo parecido bem aqui, debaixo de nossas barbas.

Os venezuelanos estão chegando e os brasileiros, partindo. Os que podem, naturalmente. Seja por meio de intercâmbio, seja por meio de cidadania conseguida via descendência, seja lá como for, nunca se pensou e se procurou tanto habitar outras planícies como agora. Entristece constatar que está se tornando fato corriqueiro nos dias de hoje ver partir a pessoa que aqui nasceu, viveu e fez a sua história. Alguém que, de repente, se viu obrigado a procurar um lugar ao sol, mesmo que na futura morada o astro rei nem apareça tanto quanto em solo tropical, como este sobre o qual construímos nossa vida. Largar tudo, deixar para trás cultura, amigos, familiares para correr em busca de novas paragens é o que lhe resta, afinal. É decisão que dói na alma de quem vai e de quem fica.

Mas é necessário conquistar uma vida melhor numa nação segura, com boa Educação, Saúde, Segurança e demais elementos básicos que se esperava encontrar cá nesta terra, país que tem a sétima economia do mundo e que, mesmo assim, nada pode oferecer ao seu povo, senão desânimo e vontade de fugir. Essa gente alegre, que ri da própria sorte, e que nada tem, além de esperança, esperança que, aliás, vem minguando a cada dia, diante das evidências que tiram o sono do cidadão. 

Alguns ainda desfrutam do privilégio de verem seus filhos partir para terras distantes, na ânsia de aprender o idioma, abocanhar um naco do filão e, quem sabe, ficar por lá, abandonando família e um país que tem tudo para lhes oferecer o melhor. Só não o faz porque é pessimamente gerido, porque é espoliado sem dó por aqueles que são eleitos para representar o povo, mas que, na verdade, representam a parcela miúda que engorda governo após governo, em detrimento do bem estar de uma população imensa. 

É assim que assistimos desolados ao retorno do Brasil aos tempos de colônia. Só que desta vez a matriz não é Portugal. Não basta, pois, um maluco de espada em punho, gritando pela independência, para nos livrar dos algozes.

Claro que nem tudo está perdido: nós temos futebol, novela e uma TV que insiste em mostrar que vai tudo bem e que é preciso acreditar neste e naquele, que as leis estão aí para serem cumpridas, que há juízes imparciais que só fazem cumprir o que determina a Constituição e a Justiça... 

E a massa cabisbaixa e conformada segue seu rumo, fazendo uma fezinha, assistindo a programinhas ordinários nas tardes dos fins de semana, torcendo pelo time do coração, e sempre de olho nas fofocas sobre gente famosa e rica, que jamais deixa a sua redoma, com medo de ser contaminada pela doença da qual fora acometida a gente faminta deste País.

É... Acho que só nos resta mesmo desejar boa sorte aos nossos jovens.




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