Quinta-Feira, 25 de Abril de 2024
A loucura da vaidade e avidez por mudanças fazem surgir nova sorte de criaturas, meio humanas, meio alguma coisa grotesca indefinível. Era bem mais difícil fazer alguma transformação mais radical no corpo, indispensável procurar bom cirurgião plástico e seu hábil bisturi, com custo alto e a clara necessidade de ficar em estaleiro por alguns dias. Não era coisa de você entrar pela porta de um jeito e sair de outro. Dr. Bumbum é grão de areia nesse zoológico sobrenatural. Agora muitas vítimas acabaram foi sem gordura nenhuma; literalmente, ossos. Enterrados, inclusive. Rugas e expressões esticadas, paralisadas, bocas parecendo que acabaram de levar ferroada de vespa.
Comércio de próteses de silicone para seios também causou belo estrago na paisagem humana que habita a Terra quando começaram a aparecer mulheres que dificilmente avistam seus próprios pés diante daquela dupla frontal anexada, de bolas que chegam a conter até 750 ml. Traseiros cresceram. E, vejam, tudo isso sem falar no criminoso avanço de venda de hormônios, anabolizantes e outras drogas para os que querem parecer saudáveis nas fotos. O problema não é, claro, o importante avanço da medicina e das pesquisas na área de cosmética, aperfeiçoamento do corpo humano, retardamento da velhice, busca de autoestima e valorização estética. Isso é direito. Que fique claro.
O problema é a mentira, a proliferação indiscriminada de aproveitadores profissionais, alguns nem um pouco profissionais ou qualificados, prometendo mágicas. Dentistas aplicando botox, descascando dentes para enfiar tal lente de porcelana. Salões de cabeleireiros, ops, esteticistas ou outros títulos super-rebuscados, prontos a injetar, furar, puxar, pintar, tatuar as caras das pessoas, inclusive com sobrancelhas de fazer inveja aos melhores diabos e monstros da história da humanidade. Coisas permanentes. Ficou bom? Que bom. Puxa, deu errado, não gostou? Que pena.
Esses dias o caso do Dr. Bumbum e sua mãe trouxe à tona alguns depoimentos assustadores de outras vítimas, muitas que estavam caladas, algumas até sem convívio social e envergonhadas depois da barbeiragem pela qual pagaram bem caro. Vamos falar sobre bullying estético? Seria necessário o quanto antes ressaltar para a geral que muitas dessas celebridades e subcelebridades que vemos todas serelepes nas fotos passaram por verdadeiras transformações, mas não ‘no real’, e sim no banho de loja, no dinheiro que entra na conta, no tratamento da imagem, em maquiagens ou photoshops? Que elas não são exatamente daquele jeito, quase impossível? Cinturas sem osso, peles translúcidas, barrigas negativas, dentes resplandecentes, cabelos de boneca. Além das fake news, teremos de nos preocupar também com as fake pessoas, as fakensteins.
Marli Gonçalves é jornalista.
Palavra do leitor
Camelôs
Prefeito de Santo André e seus secretários. A invasão de camelôs em nossa cidade está cada dia pior. Até o horário das 17h para retirada das barracas não está sendo respeitado. Em frente ao terminal de ônibus e da CPTM, no Centro, os caminhos estão cada dia mais estreitos, sendo até difícil a circulação. Senhor prefeito, Santo André não era assim. Depois de sua posse, o Centro parece o bairro do Brás, na Capital. Até mesmo no calçadão da Oliveira Lima parece estar tudo liberado. Muito ruim isso, senhor prefeito. A cidade precisa de ordem.
Mauricio Goduto
Santo André
Bom atendimento
Venho por meio desta coluna agradecer ao atendimento prestado em um sábado à noite em uma UPA de Mauá. Uma amiga me chamou para levar sua mãe ao médico, pois não passava bem há quatro dias. Claro que interrompi o que estava fazendo e, de pronto, as acompanhei. Diante de tudo que assistimos e acompanhamos pelos 45 minutos no atendimento geral, ela foi muito bem assistida em todos os aspectos. Médico superatencioso, enfermeiras com um sorriso no rosto. Ela, inclusive, tomou medicamento e recebeu alta. Realmente eu posso dizer que, para um sábado à noite, o atendimento foi excelente, pois eu mesma já esperei muito mais tempo em hospitais particulares. Deixo o meu parabéns para nova gestão de Mauá. Que Deus continue abençoando o governo.
Rosangela Caris
Mauá
Legitimidade do Lula livre
A mídia fala da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), onde cientistas e pesquisadores (como se autoproclamam), que deviam estar mais preocupados em exaltar a ciência nacional, desacatam pessoas que discursaram só porque não comungam de suas ideias de Lula livre – ressalte-se que ele foi condenado em duas instâncias – e de criticar o processo democrático do impeachment de Dilma, que seguiu todos os ritos da Justiça. O texto aceito pela direção da SBPC é um confronto às palavras ditas pela presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, que criticou quem defende o não cumprimento de decisões tomadas. “O Judiciário pode ser criticado, mas desafiar a Justiça, jamais. Se não se cumprir decisão judicial, se não se acatar decisão judicial, não vejo a possibilidade de se cogitarem Estado democrático de direito”. O PT e simpatizantes, inclusive os da SBPC, estão desafiando a Justiça ao exigirem a soltura de Lula e sua candidatura, sendo ele ficha suja. Está na hora de a Justiça agir, parar de ser desafiada.
Tania Tavares
Capital
Contrassenso
Este mundo está mesmo ficando maluco. A mídia nos informa que o senhor Mark Zuckerberg, dono do Facebook, perdeu num só dia a bagatela de quase US$ 16 bilhões na bolsa de valores. E eu aqui preocupado com o pagamento da próxima prestação da minha smart TV, comprada para ver a Copa do Mundo. Com ironia, por favor!
Luís Fernando Amaral
Laguna (SC)
Desvio do foco
Em campanha para a eleição de 2018, com todo o descaramento que lhe é peculiar, sob protestos dos cariocas, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) vai às ruas com o seu pobre tema de Lula livre, pois ele não tem outro conteúdo para apresentar aos cariocas e pedir votos.
Benone Augusto de Paiva
Capital
Descriminalizar o aborto
É triste, mas é a realidade. De 2000 até 2016, 4.445 mulheres morreram por complicações após aborto no Brasil. E, por ser, infelizmente, criminalizado no País, a maioria desses procedimentos é feito de forma clandestina e sem nenhum acompanhamento médico. E, que, pelas complicações após aborto, o SUS (Sistema Único de Saúde) em dez anos acumulou uma despesa de R$ 486 milhões! E em consequência da inadequação da forma de realizar o aborto, de 2008 a 2017, 2,1 milhões de mulheres foram internadas. E pode piorar, já que a estimativa é que de 950 mil a 1,2 milhão de abortos são realizados por ano no Brasil. O que se espera é que os ministros do Supremo, que devem julgar essa matéria, votem a favor da descriminalização do aborto... Uma questão de Saúde publica.
Paulo Panossian
São Carlos (SP)
Nada republicano
É de se lamentar a postura do governo de São Paulo com relação à liberação das emendas parlamentares para nossa região (Política, ontem). A politização de recursos públicos só traz consequências danosas ao Grande ABC. Há diversos equipamentos públicos que poderiam estar em melhores condições se o governo paulista, em vez de olhar o partido do prefeito ou do deputado, distribuísse a verba conforme critérios legais e objetivos. Isso sem falar na inexistente Linha 18-Bronze, que há anos está no discurso desses governantes, enquanto o morador do Grande ABC segue sem ligação direta com o Metrô. É claro que o morador da região precisa saber votar no candidato a deputado que pode, de fato, brigar pelos interesses das sete cidades. Mas também precisa ter olho clínico para identificar o candidato a governador que continuará com esse toma lá, dá cá com recursos públicos, diga-se.
Leandra Almeida
Diadema
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