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Greve de ônibus em
Mauá prejudica 100 mil

Paralisação foi motivada por falta de pagamento
a funcionários e pegou os passageiros de surpresa

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
29/08/2014 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


Cerca de 100 mil usuários do sistema de Transporte de Mauá foram prejudicados durante a maior parte do dia de ontem em razão de greve deflagrada por funcionários das empresas de ônibus municipais. Sem aviso prévio por parte do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Grande ABC, a paralisação, que teve início por volta do meio-dia, pegou muitos usuários de surpresa. A adesão ao movimento foi total. A Prefeitura não garante a circulação na manhã de hoje.

O motivo da greve, segundo a entidade de classe, é a falta de pagamento das verbas rescisórias aos funcionários da Viação Cidade de Mauá, que serão demitidos em razão da troca das concessionárias que atuam no município. No dia 15, a Prefeitura assinou o contrato com a Suzantur, que já opera a maior parte das linhas municipais e passará a ter exclusividade sobre o serviço. Até então, a companhia era mantida por meio de contratação emergencial.

Apesar de o movimento ter sido provocado por problemas na Viação Cidade de Mauá, todas as linhas da Suzantur também tiveram circulação interrompida. Isso porque, no início da tarde, ônibus da empresa que deixará de prestar serviços foram colocados no portão do Terminal Central de forma a impedir a entrada dos demais veículos. Alguns carros da intermunicipal Eaosa, que pertence ao mesmo grupo da Cidade de Mauá, também chegaram a parar ontem.

No dia 11, trabalhadores fizeram outra greve pelo mesmo motivo. Na ocasião, a circulação foi retomada às 14h, após acordo entre representantes do Executivo, das empresas e do sindicato. O empresário Baltazar José de Souza havia se comprometido a pagar o valor das verbas rescisórias.

Sobre a paralisação de ontem, a Prefeitura informa que o motivo foi o não cumprimento do acordo por parte da empresa. Souza foi procurado para comentar o assunto, mas não foi localizado até o fechamento desta edição. O presidente do sindicato, Francisco Mendes da Silva, o Chicão, também não foi encontrado para falar sobre a greve.

À noite, sindicalistas se reuniram com o secretário de Governo, Edílson de Paula, para negociar a retomada das atividades. Segundo o titular da Pasta, a empresa garantiu o pagamento e prometeu que fará a homologação das rescisões contratuais. Ele afirma que o sindicato tentaria comunicar os funcionários durante a madrugada sobre o acordo e que “a tendência é que os ônibus voltem a circular”. Por outro lado, ele ponderou que se não houver garantia de segurança, os coletivos ficarão parados.

Transporte clandestino vira opção

Sem poder contar com nenhum dos ônibus municipais, passageiros de Mauá tiveram de recorrer ao transporte clandestino para voltar para casa ontem. Motoristas de vans e carros de passeio improvisados cobravam R$ 3 para fazer os trajetos feitos pelos coletivos das empresas Viação Cidade de Mauá e Suzantur.

“Moro no Itapark. Se não fosse pela lotação, não teria como chegar em casa”, reconhece o cozinheiro José Ferreira da Silva, 39 anos. Já a diarista Eunice Gomes dos Santos, 39, não pôde, sequer, contar com o serviço clandestino. “Não tem van para o Jardim Adelina, onde moro. Vou depender de carona para voltar para casa”, lamenta.

Quem optou por métodos legalizados também teve dificuldade para se locomover. A agente escolar Eneline Moreira de Souza, 37, demorou quase meia hora para conseguir pegar um táxi em frente à estação de trem do Centro. “Nem sei quanto vou gastar. Mas preciso chegar logo em casa, pois minha filha de 4 anos vai sair da escola e não tem quem possa buscá-la.” Os taxistas garantiram que o preço das corridas estava sendo contabilizado pelo taxímetro, sem cobranças fechadas.

A dona de casa Celina Martins, 69, diz ser favorável a movimentos reivindicatórios, desde que sejam organizados. “Deveriam, pelo menos, avisar a população com antecedência e iniciado a greve de manhã, pois, assim, o pessoal nem sai de casa no início do dia. Do jeito que fizeram, não havia como fugir.”

Com a circulação dos coletivos interrompida, as principais avenidas tiveram congestionamento. A equipe do Diário levou meia hora para ir do Centro ao Jardim Zaíra durante a tarde, percurso que, normalmente, seria feito em menos de dez minutos. 




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