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João Pedro busca chance pela vida
Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
03/03/2013 | 07:00
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A chance de encontrar um doador de medula compatível que não seja da mesma família do paciente é de uma para cada 100 mil pessoas no Brasil. É isso que o pequeno João Pedro Klem Lorenzoni Silva, 8 meses, de São Bernardo, precisa para sobreviver. Diagnosticado com Síndrome de Wiskott-Aldrich, imunodeficiência genética ligada ao cromossomo X, o bebê já mobilizou ao menos 200 potenciais doadores a se cadastrarem no Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) em apenas um mês.

O sorriso aberto da criança, que só resmunga baixinho para avisar que acordou, contagia quem vê a página da mãe, a professora Luciana Lorenzoni, 32 anos, no Facebook. Fotos do menino, sempre alegre e rodeado por brinquedos, servem para pedir que as pessoas ajudem a encontrar o doador, aquele que vai ceder uma pequena parte de si para dar chance de vida a João Pedro.

O diagnóstico veio em janeiro, após meses de angústia e dúvida. Os médicos cogitaram Síndrome de Evans, PTI (púrpura trombocitopênica idiopática), leucemia e até alergia a lactose. "Era desesperador ver meu filho doente sem saber o que fazer. Cada vez que falavam de uma nova doença, corria para a internet, lia tudo a respeito e me desesperava", diz a mãe. As buscas não surtiram efeito, mas o Facebook fez seu papel. "Até gente de Minas Gerais me ligou para dizer que se cadastrou no Redome."

Mas Luciana quer mais. O objetivo da professora é trazer uma campanha de doação de medula para a cidade, nos moldes das realizadas em 2008 e 2009 pela família de Breno de Moura Santos, de São Bernardo, e em 2011 para o estudante de Ribeirão Pires Lucas Guizzardi. Breno morreu em 2010 sem jamais encontrar doador compatível. Já Lucas encontrou o seu, mas foi vítima de complicações decorrentes do transplante.

"O fato de só poder fazer o cadastro na Santa Casa de São Paulo dificulta um pouco, porque a maioria das pessoas que conhecemos mora no Grande ABC", avalia Luciana.

Após a morte de Lucas, em 2012, não houve nenhuma campanha do tipo na região. Em todo o Brasil, 800 mil pessoas se cadastraram como potenciais doadoras no ano passado, chegando a 3 milhões. Foram feitos 247 transplantes de medula, 25% a mais do que em 2011, segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer).

SINTOMAS
Aos três meses, João Pedro teve uma grave infecção, que o obrigou a ficar 33 dias internado, sendo 23 na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Ele também apresentava anemia e baixo número de plaquetas, responsáveis pela coagulação sanguínea. "Ele recebia a transfusão de plaquetas num dia e no outro já estava baixa."

Ambos são sintomas da Síndrome de Wiskott-Aldrich, mas ele recebeu alta sem o diagnóstico. A doença, que acomete apenas meninos, foi descoberta após consulta a um imunologista. A expectativa de vida não passa dos 10 anos.

Luciana não quer pensar nisso agora. "Tenho certeza de que vamos encontrar o doador." O próximo passo, com o aval do médico, será levar João Pedro para conhecer o mar. "No que depender de mim, meu filho terá uma vida normal. E feliz."

Requisitos para doação:

- Ter entre 18 e 55 anos

- Ter boa saúde

- Não ter hepatite, câncer ou ser portador do HIV (vírus da Aids)

 

Onde se cadastrar:

Santa Casa de Misericórdia

Rua Marquês de Itu, 579 - Vila Buarque

Tel: 2176-7000 / 0800-167055

Horários: de segunda a sexta-feira, das 7h às 15h.

Será retirada pela veia a quantidade de sangue de 5 ml e preenchida ficha com informações pessoais. Os dados serão cruzados com os dos pacientes que precisam de transplante. Caso seja compatível com algum receptor, o doador será procurado e outros exames serão necessários.




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