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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

Frota do Grande ABC, renovação e reciclagem
Por Jefferson José da Conceição*
03/01/2020 | 07:09
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Na edição do dia 2 de janeiro, o Diário publicou importante matéria, da jornalista Aline Melo, sobre a frota de veículos do Grande ABC. Lá consta, inclusive, entrevista nossa sobre o tema. Aqui, vamos detalhar um pouco mais algumas ponderações a respeito do tema e apresentar proposta. A partir dos dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), percebe-se que a frota do Grande ABC era de 1.834.033 de veículos em novembro de 2019. Deste total, 68% eram de automóveis; 13,4%, motocicletas; 1,9%, caminhões; 0,9%, ônibus e microônibus; 0,87%, utilitários, entre outros. Cerca de um terço (33,88%) ou 621.378 veículos possuíam mais de 20 anos de uso. Aproximadamente 60% (59,85%), ou 1.097.761 veículos, tinham mais de dez anos de uso. O número de veículos com até uma década de uso na região é de 40,14%, ou de 736.272 de veículos. Trata-se, portanto, de frota com as características de um país de bloco intermediário entre os países em desenvolvimento. Países mais avançados possuem a grande maioria de seus veículos com até dez anos de uso. A partir daí, há um desincentivo ao proprietário por meio especialmente do aumento da tributação.

A frota do Grande ABC é ainda mais envelhecida que a do Brasil. No Grande ABC, 33,68% da frota, como se disse, possuem mais de 20 anos de uso. No Brasil, esse percentual é de 26,68%. Por outro lado, no que se refere aos veículos mais novos, a diferença entre o Grande ABC e a média brasileira não é tão grande: no Grande ABC 40,14% da frota possuem até dez anos de uso e, no Brasil, 42,36%. A frota regional representava 1,76% do total da nacional, que é de 104.067.033 veículos. No caso específico dos automóveis, a participação no País sobe para 2,21% (1.246.167 automóveis no Grande ABC). Chama atenção também a já elevada participação das motocicletas no total da frota (13,41% no Grande ABC e 22,12% no Brasil). Por esses números, nota-se que há expressivo espaço para a ampliação de motocicletas na região.

Em meu livro recém-lançado Entre a mão invisível e o Leviatã: contribuições heterodoxas à economia brasileira (Editora Didakt, 407 páginas), mostramos a importância da constituição de um Programa de Renovação e Reciclagem da Frota Nacional de Veículos. Este programa teria a vantagem de produzir: maior segurança no trânsito; redução do consumo de combustível por veículo; decréscimo da emissão de poluentes por veículo; reciclagem de materiais (aço, plástico, vidro, carpete, baterias, entre outros); aproveitamento de matérias-primas não renováveis; aumento da velocidade média nas cidades; ganho de eficiência no transporte urbano e rodoviário; ganho na qualidade de vida; melhoria do transporte coletivo; estímulo à produção de veículos populares e de caminhões e ônibus; geração de emprego e renda; manutenção/aumento de arrecadação de impostos. Portanto, um programa como este seria benéfico ao Brasil como um todo, e à região do Grande ABC em particular, por ser uma região produtora de veículos.

Esta é uma agenda por certo positiva, em especial porque aconteceria no setor industrial, um dos mais atingidos pela crise econômica. A possibilidade de efetivação deste programa, cujas discussões se intensificaram nos últimos anos, concretizaria antigo sonho da cadeia automotiva brasileira, da qual este articulista se orgulha de ter participado. O programa criaria condições para que o proprietário de veículo antigo (que tenha idade de uso acima de determinado número de anos; por exemplo, 15 anos para automóveis e 30 anos, para caminhões e ônibus) entregasse seu veículo em troca de carta de crédito com determinado valor médio. Este proprietário poderia então dar entrada em veículo zero-quilômetro nas concessionárias. A criação de fundo com recursos oriundos da própria cadeia automotiva, associado a incentivos tributários, seria o funding desta operação. O veículo antigo seria enviado a centro de desmonte e reciclagem. Estima-se que programa do tipo possa gerar produção adicional entre 200 mil e 600 mil veículos por ano, sem afetar a mobilidade das cidades.
 




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